segunda-feira, 7 de março de 2011

Magia do mundo real

Já ouvi dizer muitas coisas sobre a vida e como ela se desdobra e de como vamos com o tempo adquirindo uma bagagem de experiências, que ao longo dos anos vai nós mostrando quem somos e nos dando sugestões de quem podemos ser.

Já ouvi muito na teoria como é o mundo, como são as relações humanas e como este encara sua realidade, mas a prática de como tudo isso acontece é fascinante e algo realmente assustador. Milton Santos ressalta que; A sociedade em que vivemos hoje é apenas um rascunho mal sucedido da sociedade de gerações futuras.

Paulo Coelho, mesmo que indiretamente me ensinou que para se escrever um livro é preciso viajar, é preciso viver, mas principalmente é preciso observar os ângulos dos acontecimentos vividos, é parar e prestar total atenção no simples voar de um pássaro. Hoje depois de uma simples viagem que apenas me levou a cidade vizinha. Minha cabeça quase explode de tanta concentração de informações já obtidas mais jamais vivenciadas.
A viseira não esta funcionando, e o vento que sopra quase arranca meu capacete, vendo assim o mundo parece grande, é como se eu não estive inserido nele, é como se meu sentimento me fizesse um ser pertencente de outro planeta.
No meio do caminho, vejo pés desgastados e rachados, a chinela mais se parece com um pano fino nos pés sujos, a barba grisalha, um andar cansado e lento, quando olhei senti por um milésimo de segundo aqueles olhos que também me olharão e quando isso aconteceu, eu me senti um lixo ambulante ou viajante, a distância entre eu e ele estava aumentando, os olhos deixarão de me olhar e se voltarão para o chão, talvez no mundo dele essa seja uma rotina, as pessoas passam sentem uma obrigação em sentir pena apenas pra aliviar a consciência e depois viram as costas e a distância só cresce na medida em que os pés trabalham. Neste momento eu me perguntei: o que eu fiz por ele a não ser sentir pena? Acho que nada, sei bem que isso não irá matar a fome ou tirar a dor que talvez ele possa estar sentindo. Em poucos minutos pude perceber o quão humano eu sou, sou capaz de sentir, mas debilitada quando se precisa agir, vi que a ação apenas acontece dentro dos pensamentos e que ela logo é esquecida, pois rapidamente vem outro bombardeio de sentimentos.

Vejo nuvens sendo desenhadas ao longe, é sem duvida um espetáculo a ser observado, vista perto do horizonte elas parecem tocar o chão, eu continuo a percorrer aquele corte que teima em não sangrar, vou me aproximando e logo percebo que aquele espetáculo não era nuvens eram sim fumaça, muita fumaça que saia da boca virada para o céu.

Eu senti uma decepção incrível até aquele momento não vi nada de bom, apenas coisas ruins, eu já estava ficando sobrecarregada de tanta informação triste.

Paramos em um posto o nosso meio de transporte estava com sede, ali do nosso lado tinha estacionado um lindo carro, cujo dono estava bravo a falar mal, o carro estava sujo e ele estava com medo que estive arranhado também, com um jeito curioso fui disfarçando até que eu pudesse ver a frente do automóvel, quando percebi do que se tratava eu senti medo me senti triste, havia sangue na frente do carro e eu sabia de onde este tinha saído, na estrada por ontem viemos havia um animalzinho ele estava morto na estrada havia partes soltas daquele pequeno corpo, eu preferi te esconder isso meu leitor.
Aquele homem estava bravo, irritado não por ter quase perdido o controle do carro e matado todos que estavam com ele, ele sentia raiva por que no carro dele tinha sangue, sangue de um animal que estava apenas tentando viver, e uma fatalidade tirou desse bichinho a oportunidade de atravessar uma BR, foi embora uma vida de um ser que sentia como nos sentimos sede, fome, dor... E tudo mais que há de sentimentos, pequenino que lutava pra viver, que queria se alimentar, mas a vegetação ali presente não era o alimento que ele precisava, um animalzinho que se enfiou no meio do corte em busca do seu lar da sua casa que lhe fora roubado. O homem resmungava o carro sujo sem ter consciência do que acabará de fazer.

Neste momento vi que a inteligência humana é sua maior virtude, mas também é a chave que leva para sua própria destruição. Fico triste em contar-lhe algo tão triste e deprimente, mas fico mais triste ainda em saber que tudo lhes contei, e nada fiz pra mudar tanta coisa ruim que eu vi. Sou humano disso eu sei e é por isso que sou tão ruim.

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